terça-feira, 10 de março de 2015

A elementaridade em Estética



Introdução

Ao observar um objeto artístico é possível entender o que por uma escanção equivale ao que na bidimensionalidade é uma distorção representativa da grafia do desenhista, um movimento em que cabe a interpretação de uma figura para que assim sejam vislubrados os volumes de uma alienação. Por serem um jogo para além do princípio do prazer, termos freudianos, nota-se que a representatividade nem sempre estará de acordo com aquilo que se observa ainda que seja inconsciente a inquietação que move o sujeito que produz arte, pois com o possível desdobramento da dialética hegeliana diferencia-se pesquisa em arte de pesquisa sobre arte.
A moldagem do transitório se quer paulatina, porquanto há um analisando a transferir a um plano, a saber, qual de seu discurso, revela da relação de objeto uma expressão simbólica ou imaginária. Um ponto de real que barra o sujeito faz com que o ser, no ir e vir constitua, acompanhado do princípio de alteridade qual promove a vicissitude que é a base do pensar, o que o princípio de realidade tange o princípio do prazer. Ora não é senão uma observância àquilo que gira em torno do pensamento, desdobramento qual o princípio de alteridade faz do princípio de realidade o que da ordem do princípio de prazer tange ao corpo sua inquietação e da obra toca a subjetividade daquele que contempla. Talvez seja este acaso o que faz de pensamento e da figura um conjunto qual se inscreve em uma obra. De um não saber sobre a alteridade o princípio de prazer, o princípio de realidade é, no entanto, acerca do amor que quer produzir o devir; a obra é, pois um pensamento qual um pensar latente e singular se produz o fenômeno da observância. Entre a dúvida da autenticidade na modernidade, latência que expressa da criação do homem o que dele faz que se crie um saber suposto equivocado, entretanto um suposto saber que autoriza pelo analista que uma matéria liquida se torne matéria sólida, pois que se trata mais de uma aproximação. Desta energia, o simbolizável está, ao que da espera da resolução do fervor da afecção que o move desde uma acolhida, como letra a inscrever seu estilo. Uma elaboração parte do despendimento de uma face do que é expressão é, pois que uma finalidade faz-se despertar principiando ao uno uma inquietação. Se o que na contemporaneidade move o ser é a pluralidade, ou seja, a afecção ao fragmento do uno, o desenho pode ser considerado como uma subversão o letramento. Se quando se produz um objeto de arte o que se abstrai de uma realidade pretende preservar de uma autenticidade o que faz função ao que se vê obscurece o que ainda não se viu em detrimento ao escolhido.
A perspectiva do ensino da arte está assim direcionada para a educação e para a escolarização na dialética ensino/transmissão, pois se ensinar significa transmitir saber é, pois, que a escolarização se ocupa em reconciliar o ser do saber ao ser do desejo na direção em que o governo do liame social do educador demanda de um terceiro sua atenção ao que se refere à demanda do educando. O que vale desde então é a ressalva lacaniana que diz da questão do olhar, ou seja, cabe avaliar a que ignorância tal equívoco faz ater o saber ao ‘passo-de-sentido’, ou seja, a disponibilidade ao que da punção do real permitiria pelo ‘pouco sentido’ que uma instrução se faça possível. Deste modo, esta pesquisa pretende, descrevendo os platôs de uma cena, rever a inscrição qual se dá pelo processo de produção, sob a inquietação da inventividade, ou seja, sob uma elaboração, almejando vislumbrar os desdobramentos conjecturais pensamento e forma tendo enquanto usufruto o princípio de realidade, que se quer transformar o desejo em mola propulsora à criação que, com uma constatação, parte de uma vocação que sensibiliza o artista.
























Da formação da identidade na perspectiva antropológica

Da invetividade a usufruir ao que da técnica é o precioso de uma elaboração que faz do litoral aquilo que se enrreda com a letra, o alcance do artista é sua epsteme antropológica. A fração do processo de modelagem ou ainda a captura de traços, linhas e sombreamentos o que se encontra na descontinuidade linguística é o modo como o real se apresenta enquanto diverso na produção artística apresentando o que é relação entre dois estilos. Nesta direção, um personagem na relação vazio/tensão [o caricatural freudiano] se referindo a um olhar que por desvio se faz uma vocação a perspectiva antropológica requer de uma observância o que a teoria da personalidade lança mão de uma subjetivação a ser cartografada. Enquanto o que Hegel pretende a elaboração de um senso qual regendo a afecção que dele quer sugerir uma comunicabilidade, gesto de um sujeito que se faz cindido ao não representar com por completo sua essência e assim produz um literário desvio à contingência de um semblante, fazendo uma dialética entre o belo natural e o belo artístico, Hume nos aponta caminhos quais oferecem o posicionar do ser afirmando que tanto o entretenimento, a instrução e a reforma da humanidade são os meios com os quais uma transmissão se faz possível.
O homem que buscando um alívio para as forças que o corrompem a relação com o outro é, pois um ser que despende um quantum de energia. Se significarmos a defesa do ir e vir entre as fronteiras de subjetivação que tanto Deleuze quanto Hume esclarecem enquanto supressão e desdobramento, notamos que este propõe uma obstinação à franqueza que Hegel descreve a relação do belo natural e do belo artístico. Eis o ponto central do giro nos discursos lacanianos; O saber precisa de uma representatividade e seu movimento está na dialética entre observador e a coisa observada. O pensamento uma vez esperançado é por ventura o que de astúcia a inquietação do ser pretende revelar algo de uma lógica singular.
Entrementes, perfilhar que o investimento da libido se desloca ao Nome-do-Pai e estando de acordo com o reconhecimento do que no desejo de analista é o tempo lógico qual seja aquilo que o engenho do suposto saber faz do analisando cúmplice da dinâmica da transferência, promovendo o que da singularidade é o verdadeiro da partilha, permite à investigação aquilo que retorna enquanto reconciliação do princípio do prazer com o princípio de realidade permitindo a constatação de um enlace tendo como esteio um terceiro princípio; qual seja o de alteridade ao que confere o status da ética qual é regrada daquilo que a letra desfaz da dicotomia ausência/presença.
Um esteio feito por regra é plano de substituição, pois se a regra for uma desordem é de se esperar que seja reconhecido de seu regrar a oposição à ordem. Desta tensão que se sobrepõe a uma superfície não é senão o que do discernimento do princípio de alteridade o princípio do prazer deve ao princípio de realidade o senso à posição que se toma sobre o plano. A questão fálica produz a subjetividade enquanto o efeito que gera à intersubjetividade do ser quando algo que escapa à sua realidade é o precioso que pela linguagem se vem colocar a possibilidade da inscrição, em relação, ao que o simbólico conquistou no enlace provocado por um non sense; de uma ausência o avesso da oferta simbólica se faz o que da esperança é seu princípio; nada que não a constituição do que ao sujeito é o que da tensão de um aforismo detêm o significante à eleição de uma elaboração.
O que se produz com a escolarização difere do que é o produto da educação; o amor ao saber em jogo na escolarização é em si a inquietação da subjetividade qual encontra a possibilidade de, retificado-se por uma expressão, renova-se o fragmento que rege sua demanda.
A compreensão da identidade na perspectiva antropológica consiste em apreender uma ideia disponibilizada. Trata-se, pois de um encontro o qual deve ser aparelhado, pois é, a saber, semeadura de um ofício e devir de um ócio. Entrementes, cabe a metáfora que entende que uma tela qual o pano já esteja afixado por detrás de seu respectivo chassi não precisa de moldura. Ademais, o que se nomeia por companhia genuína pode estar alienada e, no entanto, ser passível de uma inserção que tangendo o objeto qual substituto, possibilita propor a flexibilidade ideacional, pois ao usufruir a moral reforçamos os resquícios do que de uma constituição, qual tem como esteio a alteridade, não estamos senão nos esquecendo de que tal como o observador essa alteridade tem ainda um avesso.
Nada que não o princípio, pois se trata de uma reconciliação de um desejo inconsciente e o que está se constituindo enquanto ciência de uma moral latente. Paradoxal é o que principia no ser por desejo de amar. Em verdade, se trata de um fragmento da realidade subjetiva; algo entre o super-eu e o eu, entre o gozo e o afeto que o precede. Se não temos alcance do desejo posto que seja inconsciente é domínio de uma organização do ente, uma ordenação própria ao liame social em elaboração.
Sendo a perspectiva do ensino da arte direcionada para a educação mais do que para a escolarização cabe à diferenciação da terapêutica com relação à moral da pesquisa sobre arte em relação com a pesquisa em arte. Se ensinar significa transmitir saber é, pois que a escolarização se ocupa em reconciliar o ser do saber ao ser do desejo na direção em que o governo do liame social do educador demanda de um terceiro sua atenção ao que se refere à demanda do educando.
De uma convenção que sugere a particularidade do desejo, desdobramento do princípio de realidade afetado pelo significante, se constitui uma obra, o que chamamos por bondade não é senão o que do princípio do prazer ao princípio de realidade se pretende é o que prende uma vocação qual sugere uma interface de um terceiro princípio qual seja o de alteridade.



        



O pensamento e o saber fazer a unidade da obra

A perspectiva antropológica vem dizer daquilo que se encontra no gerúndio e certamente está por velar no sentido em que se relaciona com o que se chama histórico; a constituição da autonomia por uma eleição do objeto do desejo vem numa elaboração na medida em que se constitui a reconciliação entre princípio do prazer e princípio de realidade o lugar do princípio de alteridade. O que quer tal autonomia por historicidade senão a defesa do estilo? Por certo alicerçar o que pretende da relação do observador com o observável o reconhecimento de que dela ainda se escande de uma estética um estilo. Nessa direção se encontra o pensar sobre o pensamento.
O princípio de alteridade se articulando com ao amor ao saber ao que se acena à particularidade do que quer derivar do senso o significante. Foucault vem dizer que se trata do pensar sobre o pensamento, ou seja, desde que o corpo enodando uma singularidade reconhece sua significação faz surgir do afeto, esvaziamento do senso que se desloca da inibição constituída por um equívoco que se interpretado é o que da promessa ao que da afecção ao vocacional é a expressão singular que distingue u ma posição ao objeto.
O que se entende, é o que é que cabe ao saber o que por causalidade é própria às relações com a imago que referencia a subjetividade. O princípio de alteridade está, assim, ao que pela astúcia, um Primum Vívere em relação com as palavras, o ser falante encontra o que da reconciliação do princípio do prazer ao de realidade comove o liame social. Evidentemente que se trata do efeito da escanção do gozo, enlaces de fragmentos da realidade, o que Freud chamou por sublimação. Se não pelo que transita no engenho do elementar, o rigor não é senão o que resta daquilo que por condensação dos motivos da relação dos elementos que compõe sua obra o artista se despe. Neste sentido Mandil (p.31) reafirma que: “Tudo reside no fato de que significante e significado não são verso/reverso. Ao contrário, há tanto mais significância quando há menos semantismo.” Assim, ao encontro do objeto é uma astúcia o reencontro da pedra fundamental ao ser falante, o que nos levando a seu senso, preserva com a latência de um ensinamento a relação significante/significado.






























Espaço e tempo: a diferença e suas verossimilhanças

Àquilo que do simbólico se entretece ao belo artístico se quer em dialética, pois pretendendo deste modo devolver ao corpo o que de verdadeiro do ser pelo intermezzo entre o simbólico e o imaginário o ser conjuga um motivo e assim se quer por reconhecer do saber suposto sua iniquidade, na modernidade o diverso à ambiguidade depositada no objeto causa do desejo, ou seja, o olhar do observador quer da pretensão dos termos modernistas sua singularidade a partir do que é liame social na relação das percepções. Enquanto a arte modernista busca um lugar de entretecer pela arte, por fragmentos de realidade, inaugurando de um discurso contraditório o qual fez do saber sobre o equivalente ao significado corporal o valor com o qual pretendia da diferença do laço social uma unidade correspondente às verossimilhanças da realidade em seus fragmentos e que criando uma tensão do observador ao objeto, o princípio de alteridade na modernidade tardia almeja destecer a tensão do que vela o que o princípio de prazer ao que dele se fez esteio.
Se for o imperfeito o gesto deposita ao devir o que aliena o atemporal ao transitório, ou seja, aliena o gozo buscando função. Quando se diz que a ordem dos fatores não altera o produto não é senão o que da ignorância douta dá-se o lugar a uma lógica que Mandil (p. 48) presencia uma primeira articulação em “Lituraterre” que advém de uma da promoção da letra à explanação do furo [trou] dizendo que “se cabe à letra a conjugação de dois universos heterogêneos não se pode desconhecer sua relação com o furo, com o que revela a descontinuidade entre dois elementos que articula.” O que existe de novo não é senão o deslizamento significante: nada que não uma  combinação simbólica na relação do depositário com o observável.  
O que ao observável é a produção de saber é intermezzo à consciência e onde encontramos o work in progress de Joice se quer para a atenção que Mandil despende à Leitura que Lacan faz de sua obra, faz-se de uma faceta do manifesto uma eleição, entendendo desde que um sentido que produz subjetivação, apresenta ao ser algo inédito à sua cognição.
Nada que não uma elaboração do pensamento de Hume se faz pensar que do entretenimento, pela instrução, reforma a humanidade. De uma projeção sugerida pelo belo natural permite o que se equivoca no encontro com a dialética hegeliana ao que se refere ao belo artístico que se referencia; A articulação significante que estivera sempre a esperançar o que da segunda tópica freudiana permitiu à associação livre a aparente profusão que a verdade do discurso do mestre é a medida pesada por um ponto de esperança.
A estética qual pretende, contemplando a conjectura correspondente, apoiar o estilo com o que de singular se produz a cada gesto significante. Se a tese é uma práxis a realidade possivelmente advém do que disto é o que ao observável o atemporal captura o signo de alteridade; Desde então surge à possibilidade de um discurso o qual engendra tanto suas verossimilhanças; dialética da qual de uma síntese se fará da reconciliação do ser do saber com o ser do desejo. Como afirma SALLES (p. 26): “Um processo de representação que dá a conhecer uma nova realidade, com características que o artista vai oferecendo”. Uma reconciliação o que pretende o ideal do belo não deve ser senão ao que o liame social investe ao que do verdadeiro, vela por aquilo que se está, a saber, a fazer borda a uma obra, talvez derive um platô que vem delinear o pensamento pertencente à figura que deve conversar com o estilo a se estruturar em uma estética, ou seja, talvez seja ainda a categorização do afeto proveniente de um senso o precioso da substituição objetal.
























Considerações

O que de um encanto germina enquanto bondade, princípio qual por ser um empréstimo requer do transitório sua força. Nessa direção, vale lembrar a assertiva de Lacan (p.778) quando diz que “não há depósito sem depositário à altura de sua incumbência” aonde o que se inscreve é o ato analítico; aqui o analista deve pretender uma escanção do discurso ao que de um caso único o manifesto sugere uma latência, ou seja, há um falante a revelar através da língua o que dela é um modo defesa.
Considerando a ignorância douta compreende-se de uma análise o que vem salvaguardar do significante mestre sua vogal, ou seja, o analista referenciado em uma lógica vivenciada acolhe o inédito e sabendo fazer o que é singular em cada caso reconhece o valor de culto. Neste sentido, permitir que os equívocos tomem corpo e velar por aquilo que está qual fogo a iluminar a singularidade é deixar o tempo seguir com a canção particular qual formulada pela demanda que narrada com a pluralidade do efeito dos lírios, condensação literária, permite que se faça deslize significante enquanto  engendre ao que no discurso é movimento.
Se é a um objeto o que o super-eu preserva, enquanto interface, as vicissitudes do desejo do Outro, é por ora tempo de extrair do simbólico uma particularidade. Os Nomes-do-Pai, o que de esteio o entremear à consciência resguarda o significante da escascez da ciência ou o que a angústia não podendo regressar ao senso encontra os frutos do cientificismo é de se verificar se ao eu pretendido o que é possível do regresso à partilha o que constituirá ao homem o estilo. Se não for senão uma tensão a que da cena suposta à subjetividade se trata de uma descontinuidade. A formação daquilo que caracteriza o homem é o que o gozo quer trazer à consciência o que de diverso a esperança engendra sua multiplicidade.
Nada mais se espera senão o que do encontro faz emanar o substantivo que enlaça os ares no que deles se quer de um encontro aquietar o paladar aos sabores do efeito de um paladar que se guarda na esperança de que dele se possa outra vez tanger ao efeito sua singularidade. Se não for a partir do primeiro, o amor Eros, não é senão o empenho ambíguo com que Sócrates por defender o que no campo das ideias se incumbe àquilo que desde a leitura lacaniana ao que se refere a colocação kantiana, o imaginário se quer atrelado ao que dela é um chamado. À escolha que se faz quando falta a palavra se dá à escuta que se faz esperança, no sentido do que dela é devir.
Colhendo o que faz função de aprendizagem no processo de aquisição da linguagem e letramento, quando o amor ao saber se dirige à transmissão do ensino, buscando assim o que é singular à representatividade, este amor se designa em três modos a ser concebido: o amor Eros com sua inclinação ao religar, em seu sentido mítico, onde o sujeito do inconsciente estruturando a realidade, a saber, o além do princípio do prazer de Freud, pontua a esta realidade na particularidade que concerne à vertente simbólica e assim sugerindo uma significação por vir; o amor Filia que estaria para reconduzir o desejo ao saber, levando a prudência do sujeito à sua realidade ao que dela é entre a alteridade e o que é constituído no intersubjetivo e o amor Ágape que está aí para reconciliar o sujeito ao seu estilo e que, polindo o intersubjetivo dá lugar ao amadurecimento da realidade do sujeito e faz brotar do que do significante é a sua implicação, a saber, o lugar do o inédito. 
Na Função e campo da fala e da linguagem (Lacan, 248) encontramos que é de um não saber o propósito da decifração que quer enquanto resposta ao mistério e ao enigma o que a particularidade da tríade “frustração, agressividade, regressão” é o que se aliena do mal entendido de uma supressão e vem dizer de um princípio, qual seja o de alteridade, pois sendo de uma moral a negativa que não rejeita a falta uma terapêutica possibilita a particularidade do entendimento de um feito.
Da justiça qual a interoperabilidade da poética estima ao que pertence ao conceito de continuidade Lacan (p. 766) comenta uma devastação, referindo-se a uma segunda mãe, qual seja a do desejo, alegando ser ela mortífera o que explica que “a forma ingrata da primeira, a do amor, vem substituí-la, para se sobrepor, sem que se rompa o encanto, à mulher ideal”. Há um ponto elementar qual pertence ao princípio do prazer. Sua erótica deve não ser de toda contemplada nem tampouco velada; A criança não deve ser tudo para a mãe nem tampouco para a mulher ao que do principio de realidade se refere a questão do olhar. Do lado que se encerra uma colina não se pode imaginar muito além da existência e assim o vislumbre ao que do vale encerra ao desejo de tocar o céu não é, pois o que de uma promessa nos traz até a compreensão do que a bondade pretende do liame social.
Deste entrelaçamento entre o eu e sua imagem, desde o discurso qual o saber está para o entretenimento, momento da instrução, cabe ao agente do discurso aparelhar o que no campo do outro há de vir a ser sua inserção no discurso, ressaltando a escolha da alteridade ao que é respectivo à diferenciação entre educação e escolarização. Caberia ressaltar que se trata de uma inscrição qual o sujeito para alcançar aquilo que é a expressão vocacional expõe sua cisão a um outro. Nessa perspectiva, postulada uma diferença qual que haja um enlace particular, havendo aí uma interdição qual o ser busca em si algo que do pensamento proposto possa ser aquilo que faz pensar, tornando o laço do ‘pouco sentido’ o ponto focal da libido, regrado às condições de análise. Sendo assim, Mandil (p.30) diz que para alcançarmos tal estágio esta “perspectiva se autoriza pela própria recomendação de Freud de que os sonhos são algo para ser lido como rebus, ou seja, por meio do valor significante dos elementos oníricos ou por seu valor de letra e não a partir das imagens” evocadas. A compreensão de um caso a partir dos três princípios é o que o limite à interpretabilidade faz do cuidado de si o que da tensão qual do negativo se quer saber o que falta.
Enquanto estética, o amor ao saber semeado no discurso que contempla o devir nos salva do que não somos conscientes. Nesta direção, a singularização do sentido daquilo que da relação ausência/presença se faz incumbência somente à exclusividade de seu encanto, Lacan (p. 672) contribui dizendo que “distinguir as relações do sujeito com a estrutura concebida como estrutura do significante é restabelecer os próprios efeitos da defesa”. Deste modo, cabe ao gesto o que da eleição qual do que dele se coloca com a alteridade em um discurso qual a harmonia sentida se constitui ao ‘passo-de-sentido’. Nesta perspectiva, faz-se possível a releitura que do verdadeiro da bondade resta algo que não é senão de uma convicção qual a dinâmica da estética moderna revela em sua origem um avesso que resistindo à trama que a institui pretendendo constituir uma descrição.
Nessa direção Miller aponta;

”Em uma palavra, isso lhes obriga a pintar vocês mesmos no quadro clínico. É como Velázquez, ao representar a ele mesmo, com o pincel na mão, junto aos demais s eres, com que povoa a tela As Meninas, o que é algo que produz desorientação. Isso porque, fica claro que ele não pode se situar a não ser que veja retratado como dividido. Vocês sabem que é um quadro que chamou a atenção de Lacan, seguindo a esteira de Michel Foucault. Eu diria que, em psicanálise, todo caso clínico deveria ter a estrutura de As meninas. E continuarei o apólogo até chegar a assinalar que aquilo nos oferece o quadro de Velázquez, aquele que podemos ver em Madri, mas, também em uma reprodução, é o que vê o mestre. A saber, a parceria real, precisamente um mestre não representado, esfumado, esvanecido, degradado no reflexo que se perfila ao fundo do quadro; desse mestre não fica mais que seu lugar, lugar em que cada espectador, tudo o que chega se inscreve.”

Desde o entretenimento, o estudo da ética que por sua vez transcende a uma estética, a trama do estilo qual a bondade lança à justiça esperando com o que pela beleza se transmite. Nessa perspectiva, Mandil (p. 47) comentando Lacan afirma que “a promoção da letra em detrimento do significante vem indicar que este, por si, não responde por tudo que pode estar em jogo na experiência de uma análise.” Fragmentos que se tecem em deslizamentos quais pelo momento em que do rebus do discurso qual defende, em cada caso, a elementaridade do significante, não é senão réplica à demanda da realidade contida na obra. Deste modo, Krauss (p.52) comenta Boccioni citando Giedion-Welcker: “Para representar a síntese entre os modos absolutos e relativos de ser, Boccioni falava da necessidade de se criar ‘um signo ou, melhor ainda, uma forma singular que substituísse o velho conceito de divisão pelo novo conceito de continuidade”. Ora não é senão do liame social que trata aquilo que é a inscrição do estilo pela dialética descrita por Hegel; o elemento pelo qual o sujeito se furta ou pela alteridade é capturado é pelo ser de linguagem enlaçado. Nessa direção Lacan (p. 768) afirma que “o privilégio de um desejo que assalta o sujeito não deve cair em desuso senão ao ser retomada a curva do labirinto em que o fogo de um encontro imprimiu seu brasão”. O que de um projeto é o enlace àquilo que surte efeito à consciência comove o observador naquilo em que a conquista entre a moral e a terapêutica. Com o drible do senso promove à emanar do saber o aquilo que nele contido, por sua inquietação, se quer transcender. O platô qual vislumbra o simbólico e o imaginário estabelecem o embate da significação, o que dá a possibilidade do deslize do verdadeiro.

















Referência bibliográfica:

Brouse, Marie Hèlène. O inconsciente é a política. São Paulo: Escola Brasileira de Psicanálise, 2003
Foucault, Michel. História da sexualidade, I – A vontade de saber. Rio de Janeiro, Graal Editora, 1976.
Foucault, Michel. História da sexualidade, III – O cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal Editora, 1984.
Freud, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud; A interpretação de sonhos (Parte I). Rio de Janeiro: Imago. 1996.
Freud, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud; Além do princípio do prazer. Rio de Janeiro: Imago. 1996.
Hume, David. Investigação sobre o Entendimento Humano. Editora Abril, 1973.
Jorge, Marco Antônio Coutinho. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan, v.1: as bases conceituais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2002.
Krauss, Rosalind E. Caminhos da escultura moderna. Tradução: Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Lacan, Jacques. Escritos. / Jaques Lacan; tradução Vera Ribeiro. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
Lacan, Jacques. O Seminário. Livro 5. As formações do inconsciente. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
Mandil, Ram. Os efeitos da letra: Lacan leitor de Joyce. Rio de Janeiro / Belo Horizonte: Contra Capa Livraria / Faculdade de Letras UFMG, 2003.
Salles, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São Paulo: FAPESP: Annablume,1998.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AMIGA SOFIA

TU QUE ÉS DO DESEJO A SÍNTESE:
DO SABER O SER
O QUE RESTA DO LAPIDAR DE UM TEMPO
MINHA MENTIRA AMIGA SOFIA
É MEU NADA
[QUANDO O TEMPO AINDA ESTÁ POR VOLTAS]
E EQUANTO FORES TU O SEMBLANTE,
ORVALHO DE UM CANIÇO, HASTE DE RELVA DE UMA ROTINA, DO REFLETIR DE UM POETA,
VAIS E CONTIGO LEVA ME ATÉ TEU LUGAR (PORTO PARTICULAR)
POIS COMIGO LEVAREI TE
ATÉ ONDE ÉS EM MIM
COMO UMA NESGA DO QUE PENSO SER
SAUDADES DAQUELAS
QUE ENQUANTO SE FAZEM DOS NARRADOS PENSAMENTOS
VIVIDOS EM DESEJO
TRANSCREVEM SE
DA PAZ DE UMA ALMA CALMA EM ESPERA.

sábado, 12 de junho de 2010

No contratempo do nada

Como quem cria um tempo para se imergir,

O poeta sente que as horas são rabiscos de eternidade

De fusos que imanam de lugares desconhecidos

O contratempo de sua melodia

Desdiz uma ilusão

Entre a firmeza dos passos

E o destino não esperado

Seus desencontros revelam um mistério

resta

Do clarear, manhã

A lua vem dizer

do que na tarde é aurora

a ternura dos seus olhos

me fez do alvorecer

(roper de um novo dia?)

imperfeito como brisa

no calor dos seus braços

reinvento canções

redescobrindo palavras

tecidas dos amores

do que resta no desejo

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

josé

Com as letras do teu nome

e a lembrança da tua cor

Sofejo refrões, refaço amores, rimas

E me reinvento um quase lírico

Do resto do que a gente se torna a cada dia

Faço verso e me reinvento na poesia de uma tarde

Onde a aurora ainda se guarda e se faz dia para noite

Dessa noite que já não sei quantos homens ainda são verdade (ou entrega aos amores)

Ou quantos levam o segredo de sua dor

Quando a espera é feita em verbo e os instantes mais fluidos

Toco o lábio e o desejo de cantar a solidão

E ainda o desejo dos sonetos ainda não escritos

Forrando de estrelas outros versos, os que em mim ainda virão

Com letras de um nome nunca em mim pronunciado

Me faço de palavras como é de pedras a estrada

que se faz pelo tempo já escrito na canção

domingo, 15 de novembro de 2009

do corpo de Cristo

Saías desperta ao alvorecer das flores

Quando o sino da igreja emudecia o coração dos homens

E as crianças brincando na praça cantavam teu viver

Eras moça quando os pêlos mais negros

Despontavam em meu peito

Menina foste quando me vi nos teu olhos

Que fitavam a flor daquele jardim

Que nos acolhia numa manhã de domingo

Guardado pelo sabor dos homens

Quando as verdades dos sermões

Coagulam uma atmosfera de lembrança

Tocavas minha ferida

E como que cicatriz

Prometias ser em meu corpo

Já marcado de desejo

O elixir das minhas angústias juvenis

coração de menina

do seio da pétala
fazes teu sorriso
do veludo que nela sonhas
transparece teu hálito

és do ato a abelha
encanto dos corações duros
que te trazem o leite
e o peixe do rio

o ar que tu respiras, menina
é em si uma promessa
pois o coração de menina
é o sacrário do amor do homem