Introdução
Ao observar um objeto artístico é possível entender o que
por uma escanção equivale ao que na bidimensionalidade é uma distorção
representativa da grafia do desenhista, um movimento em que cabe a
interpretação de uma figura para que assim sejam vislubrados os volumes de uma
alienação. Por serem um jogo para além do princípio do prazer, termos
freudianos, nota-se que a
representatividade nem sempre estará de acordo com aquilo que se observa ainda
que seja inconsciente a inquietação que move o sujeito que produz arte, pois
com o possível desdobramento da dialética hegeliana diferencia-se pesquisa em
arte de pesquisa sobre arte.
A moldagem do transitório se quer paulatina,
porquanto há um analisando a transferir a um plano, a saber, qual de seu
discurso, revela da relação de objeto uma expressão simbólica ou imaginária. Um
ponto de real que barra o sujeito faz com que o ser, no ir e vir constitua,
acompanhado do princípio de alteridade qual promove a vicissitude que é a base
do pensar, o que o princípio de realidade tange o princípio do prazer. Ora não é senão uma observância àquilo que gira em torno do
pensamento, desdobramento qual o princípio de alteridade faz do princípio de
realidade o que da ordem do princípio de prazer tange ao corpo sua inquietação
e da obra toca a subjetividade daquele que contempla. Talvez seja este acaso o
que faz de pensamento e da figura um conjunto qual se inscreve em uma obra. De um não saber sobre a alteridade o princípio de
prazer, o princípio de realidade é, no entanto, acerca do amor que quer
produzir o devir; a obra é, pois um pensamento qual um pensar latente e
singular se produz o fenômeno da observância. Entre a dúvida
da autenticidade na modernidade, latência que expressa da criação do homem o
que dele faz que se crie um saber suposto equivocado, entretanto um suposto saber
que autoriza pelo analista que uma matéria liquida se torne matéria sólida,
pois que se trata mais de uma aproximação. Desta energia, o simbolizável está,
ao que da espera da resolução do fervor da afecção que o move desde uma
acolhida, como letra a inscrever seu estilo. Uma elaboração
parte do despendimento de uma face do que é expressão é, pois que uma
finalidade faz-se despertar principiando ao uno uma inquietação. Se o que na
contemporaneidade move o ser é a pluralidade, ou seja, a afecção ao fragmento
do uno, o desenho pode ser considerado como uma subversão o letramento. Se quando se produz um objeto de arte o que se abstrai de
uma realidade pretende preservar de uma autenticidade o que faz função ao que
se vê obscurece o que ainda não se viu em detrimento ao escolhido.
A
perspectiva do ensino da arte está assim direcionada para a educação e para a
escolarização na dialética ensino/transmissão, pois se ensinar significa
transmitir saber é, pois, que a escolarização se ocupa em reconciliar o ser do
saber ao ser do desejo na direção em que o governo do liame social do educador
demanda de um terceiro sua atenção ao que se refere à demanda do educando. O
que vale desde então é a ressalva lacaniana que diz da questão do olhar, ou
seja, cabe avaliar a que ignorância tal equívoco faz ater o saber ao ‘passo-de-sentido’,
ou seja, a disponibilidade ao que da punção do real permitiria pelo ‘pouco
sentido’ que uma instrução se faça possível. Deste modo, esta pesquisa pretende, descrevendo os platôs de uma cena,
rever a inscrição qual se dá pelo processo de produção, sob a inquietação da
inventividade, ou seja, sob uma elaboração, almejando vislumbrar os
desdobramentos conjecturais pensamento e forma tendo enquanto usufruto o
princípio de realidade, que se quer transformar o desejo em mola propulsora à criação que, com uma constatação,
parte de uma vocação que sensibiliza o artista.
Da
formação da identidade na perspectiva antropológica
Da invetividade a usufruir ao que da técnica é o precioso
de uma elaboração que faz do litoral aquilo que se enrreda com a letra, o
alcance do artista é sua epsteme antropológica. A fração do processo de
modelagem ou ainda a captura de traços, linhas e sombreamentos o que se
encontra na descontinuidade linguística é o modo como o real se apresenta
enquanto diverso na produção artística apresentando o que é relação entre dois
estilos. Nesta direção, um personagem na relação
vazio/tensão [o caricatural freudiano]
se referindo a um olhar que por desvio se faz uma vocação a perspectiva
antropológica requer de uma observância o que a teoria da personalidade lança
mão de uma subjetivação a ser cartografada. Enquanto
o que Hegel pretende a elaboração de um senso qual regendo a afecção que dele
quer sugerir uma comunicabilidade, gesto de um sujeito que se faz cindido ao
não representar com por completo sua essência e assim produz um literário
desvio à contingência de um semblante, fazendo uma dialética entre o belo
natural e o belo artístico, Hume nos aponta caminhos quais oferecem o
posicionar do ser afirmando que tanto o entretenimento, a instrução e a reforma
da humanidade são os meios com os quais uma transmissão se faz possível.
O
homem que buscando um alívio para as forças que o corrompem a relação com o
outro é, pois um ser que despende um quantum de energia. Se significarmos a
defesa do ir e vir entre as fronteiras de subjetivação que tanto Deleuze quanto
Hume esclarecem enquanto supressão e desdobramento, notamos que este propõe uma
obstinação à franqueza que Hegel descreve a relação do belo natural e do belo
artístico. Eis o ponto central do giro nos discursos lacanianos; O saber
precisa de uma representatividade e seu movimento está na dialética entre
observador e a coisa observada. O pensamento uma vez
esperançado é por ventura o que de astúcia a inquietação do ser pretende revelar
algo de uma lógica singular.
Entrementes,
perfilhar que o investimento da libido se desloca ao Nome-do-Pai e estando de
acordo com o reconhecimento do que no desejo de analista é o tempo lógico qual
seja aquilo que o engenho do suposto saber faz do analisando cúmplice da
dinâmica da transferência, promovendo o que da singularidade é o verdadeiro da
partilha, permite à investigação aquilo que retorna enquanto reconciliação do
princípio do prazer com o princípio de realidade permitindo a constatação de um
enlace tendo como esteio um terceiro princípio; qual seja o de alteridade ao
que confere o status da ética qual é
regrada daquilo que a letra desfaz da dicotomia ausência/presença.
Um
esteio feito por regra é plano de substituição, pois se a regra for uma
desordem é de se esperar que seja reconhecido de seu regrar a oposição à ordem.
Desta tensão que se sobrepõe a uma superfície não é senão o que do
discernimento do princípio de alteridade o princípio do prazer deve ao
princípio de realidade o senso à posição que se toma sobre o plano. A questão
fálica produz a subjetividade enquanto o efeito que gera à intersubjetividade
do ser quando algo que escapa à sua realidade é o precioso que pela linguagem
se vem colocar a possibilidade da inscrição, em relação, ao que o simbólico
conquistou no enlace provocado por um non
sense; de uma ausência o avesso da oferta simbólica se faz o que da
esperança é seu princípio; nada que não a constituição do que ao sujeito é o
que da tensão de um aforismo detêm o significante à eleição de uma elaboração.
O
que se produz com a escolarização difere do que é o produto da educação; o amor
ao saber em jogo na escolarização é em si a inquietação da subjetividade qual
encontra a possibilidade de, retificado-se por uma expressão, renova-se o
fragmento que rege sua demanda.
A
compreensão da identidade na perspectiva antropológica consiste em apreender
uma ideia disponibilizada. Trata-se, pois de um encontro o qual deve ser aparelhado,
pois é, a saber, semeadura de um ofício e devir de um ócio. Entrementes, cabe a
metáfora que entende que uma tela qual o pano já esteja afixado por detrás de
seu respectivo chassi não precisa de moldura. Ademais,
o que se nomeia por companhia genuína pode estar alienada e, no entanto, ser
passível de uma inserção que tangendo o objeto qual substituto, possibilita
propor a flexibilidade ideacional, pois ao usufruir a moral reforçamos os
resquícios do que de uma constituição, qual tem como esteio a alteridade, não
estamos senão nos esquecendo de que tal como o observador essa alteridade tem
ainda um avesso.
Nada
que não o princípio, pois se trata de uma reconciliação de um desejo
inconsciente e o que está se constituindo enquanto ciência de uma moral latente.
Paradoxal é o que principia no ser por desejo de amar. Em verdade, se trata de
um fragmento da realidade subjetiva; algo entre o super-eu e o eu, entre o gozo
e o afeto que o precede. Se não temos alcance do desejo posto que seja
inconsciente é domínio de uma organização do ente, uma ordenação própria ao
liame social em elaboração.
Sendo
a perspectiva do ensino da arte direcionada para a educação mais do que para a
escolarização cabe à diferenciação da terapêutica com relação à moral da
pesquisa sobre arte em relação com a pesquisa em arte. Se ensinar significa
transmitir saber é, pois que a escolarização se ocupa em reconciliar o ser do
saber ao ser do desejo na direção em que o governo do liame social do educador
demanda de um terceiro sua atenção ao que se refere à demanda do educando.
De
uma convenção que sugere a particularidade do desejo, desdobramento do princípio de realidade afetado pelo
significante, se constitui uma obra, o que chamamos por bondade não é senão o que do princípio
do prazer ao princípio de realidade se pretende é o que prende uma vocação qual
sugere uma interface de um terceiro princípio qual seja o de alteridade.
O pensamento e o saber fazer a unidade da obra
A
perspectiva antropológica vem dizer daquilo que se encontra no gerúndio e
certamente está por velar no sentido em que se relaciona com o que se chama
histórico; a constituição da autonomia por uma eleição do objeto do desejo vem
numa elaboração na medida em que se constitui a reconciliação entre princípio
do prazer e princípio de realidade o lugar do princípio de alteridade. O que
quer tal autonomia por historicidade senão a defesa do estilo? Por certo
alicerçar o que pretende da relação do observador com o observável o
reconhecimento de que dela ainda se escande de uma estética um estilo. Nessa
direção se encontra o pensar sobre o pensamento.
O
princípio de alteridade se articulando com ao amor ao saber ao que se acena à
particularidade do que quer derivar do senso o significante. Foucault vem dizer
que se trata do pensar sobre o pensamento, ou seja, desde que o corpo enodando
uma singularidade reconhece sua significação faz surgir do afeto, esvaziamento
do senso que se desloca da inibição constituída por um equívoco que se
interpretado é o que da promessa ao que da afecção ao vocacional é a expressão
singular que distingue u ma posição ao objeto.
O
que se entende, é o que é que cabe ao saber o que por causalidade é própria às
relações com a imago que referencia a subjetividade. O princípio de alteridade
está, assim, ao que pela astúcia, um Primum
Vívere em relação com as palavras, o ser falante encontra o que da
reconciliação do princípio do prazer ao de realidade comove o liame social.
Evidentemente que se trata do efeito da escanção do gozo, enlaces de fragmentos
da realidade, o que Freud chamou por sublimação. Se
não pelo que transita no engenho do elementar, o rigor não é senão o que resta
daquilo que por condensação dos motivos da relação dos elementos que compõe sua
obra o artista se despe. Neste sentido Mandil (p.31) reafirma que: “Tudo reside
no fato de que significante e significado não são verso/reverso. Ao contrário,
há tanto mais significância quando há menos semantismo.” Assim, ao
encontro do objeto é uma astúcia o reencontro da pedra fundamental ao ser
falante, o que nos levando a seu senso, preserva com a latência de um
ensinamento a relação significante/significado.
Espaço e tempo: a diferença e suas verossimilhanças
Àquilo
que do simbólico se entretece ao belo artístico se quer em dialética, pois
pretendendo deste modo devolver ao corpo o que de verdadeiro do ser pelo intermezzo entre o simbólico e o
imaginário o ser conjuga um motivo e assim se quer por reconhecer do saber
suposto sua iniquidade, na modernidade o diverso à ambiguidade depositada no
objeto causa do desejo, ou seja, o olhar do observador quer da pretensão dos
termos modernistas sua singularidade a partir do que é liame social na relação
das percepções. Enquanto a arte modernista busca um lugar de entretecer pela
arte, por fragmentos de realidade, inaugurando de um discurso contraditório o
qual fez do saber sobre o equivalente ao significado corporal o valor com o
qual pretendia da diferença do laço social uma unidade correspondente às
verossimilhanças da realidade em seus fragmentos e que criando uma tensão do
observador ao objeto, o princípio de alteridade na modernidade tardia almeja
destecer a tensão do que vela o que o princípio de prazer ao que dele se fez
esteio.
Se
for o imperfeito o gesto deposita ao devir o que aliena o atemporal ao
transitório, ou seja, aliena o gozo buscando função. Quando se diz que a ordem
dos fatores não altera o produto não é senão o que da ignorância douta dá-se o
lugar a uma lógica que Mandil (p. 48) presencia uma primeira articulação em
“Lituraterre” que advém de uma da promoção da letra à explanação do furo [trou] dizendo que “se cabe à letra a
conjugação de dois universos heterogêneos não se pode desconhecer sua relação
com o furo, com o que revela a descontinuidade entre dois elementos que
articula.” O que existe de novo não é senão o deslizamento significante: nada
que não uma combinação simbólica na
relação do depositário com o observável.
O
que ao observável é a produção de saber é intermezzo
à consciência e onde encontramos o work
in progress de Joice se quer para a atenção que Mandil despende à Leitura
que Lacan faz de sua obra, faz-se de uma faceta do manifesto uma eleição,
entendendo desde que um sentido que produz subjetivação, apresenta ao ser algo
inédito à sua cognição.
Nada
que não uma elaboração do pensamento de Hume se faz pensar que do
entretenimento, pela instrução, reforma a humanidade. De uma projeção sugerida
pelo belo natural permite o que se equivoca no encontro com a dialética
hegeliana ao que se refere ao belo artístico que se referencia; A articulação
significante que estivera sempre a esperançar o que da segunda tópica freudiana
permitiu à associação livre a aparente profusão que a verdade do discurso do
mestre é a medida pesada por um ponto de esperança.
A
estética qual pretende, contemplando a conjectura correspondente, apoiar o
estilo com o que de singular se produz a cada gesto significante. Se a tese é
uma práxis a realidade possivelmente advém do que disto é o que ao observável o
atemporal captura o signo de alteridade; Desde então surge à possibilidade de
um discurso o qual engendra tanto suas verossimilhanças; dialética da qual de
uma síntese se fará da reconciliação do ser do saber com o ser do desejo. Como
afirma SALLES (p. 26): “Um processo de representação que dá a conhecer uma nova
realidade, com características que o artista vai oferecendo”. Uma reconciliação
o que pretende o ideal do belo não deve ser senão ao que o liame social investe
ao que do verdadeiro, vela por aquilo que se está, a saber, a fazer borda a uma
obra, talvez derive um platô que vem delinear o
pensamento pertencente à figura que deve conversar com o estilo a se estruturar
em uma estética, ou seja, talvez seja ainda a categorização do afeto
proveniente de um senso o precioso da substituição objetal.
Considerações
O
que de um encanto germina enquanto bondade, princípio qual por ser um
empréstimo requer do transitório sua força. Nessa direção, vale lembrar a
assertiva de Lacan (p.778) quando diz que “não há depósito sem depositário à
altura de sua incumbência” aonde o que se inscreve é o ato analítico; aqui o
analista deve pretender uma escanção do discurso ao que de um caso único o
manifesto sugere uma latência, ou seja, há um falante a revelar através da
língua o que dela é um modo defesa.
Considerando
a ignorância douta compreende-se de uma análise o que vem salvaguardar do
significante mestre sua vogal, ou seja, o analista referenciado em uma lógica
vivenciada acolhe o inédito e sabendo fazer o que é singular em cada caso
reconhece o valor de culto. Neste sentido, permitir que
os equívocos tomem corpo e velar por aquilo que está qual fogo a iluminar a
singularidade é deixar o tempo seguir com a canção particular qual formulada
pela demanda que narrada com a pluralidade do efeito dos lírios, condensação
literária, permite que se faça deslize significante enquanto engendre ao que no discurso é movimento.
Se é a um objeto o que o super-eu preserva, enquanto
interface, as vicissitudes do desejo do Outro, é por ora tempo de extrair do
simbólico uma particularidade. Os Nomes-do-Pai, o que de esteio o entremear à
consciência resguarda o significante da escascez da ciência ou o que a angústia
não podendo regressar ao senso encontra os frutos do cientificismo é de se
verificar se ao eu pretendido o que é possível do regresso à partilha o que
constituirá ao homem o estilo. Se não for senão uma tensão a que da cena suposta
à subjetividade se trata de uma descontinuidade. A formação daquilo que
caracteriza o homem é o que o gozo quer trazer à consciência o que de diverso a
esperança engendra sua multiplicidade.
Nada
mais se espera senão o que do encontro faz emanar o substantivo que enlaça os
ares no que deles se quer de um encontro aquietar o paladar aos sabores do
efeito de um paladar que se guarda na esperança de que dele se possa outra vez
tanger ao efeito sua singularidade. Se não for a partir do primeiro, o amor Eros,
não é senão o empenho ambíguo com que Sócrates por defender o que no campo das
ideias se incumbe àquilo que desde a leitura lacaniana ao que se refere a
colocação kantiana, o imaginário se quer atrelado ao que dela é um chamado. À escolha
que se faz quando falta a palavra se dá à escuta que se faz esperança, no
sentido do que dela é devir.
Colhendo
o que faz função de aprendizagem no processo de aquisição da linguagem e letramento,
quando o amor ao saber se dirige à transmissão do ensino, buscando assim o que
é singular à representatividade, este amor se designa em três modos a ser
concebido: o amor Eros com sua inclinação ao religar, em seu sentido mítico, onde
o sujeito do inconsciente estruturando a realidade, a saber, o além do
princípio do prazer de Freud, pontua a esta realidade na particularidade que
concerne à vertente simbólica e assim sugerindo uma significação por vir; o
amor Filia que estaria para reconduzir o desejo ao saber, levando a prudência
do sujeito à sua realidade ao que dela é entre a alteridade e o que é
constituído no intersubjetivo e o amor Ágape que está aí para reconciliar o
sujeito ao seu estilo e que, polindo o intersubjetivo dá lugar ao
amadurecimento da realidade do sujeito e faz brotar do que do significante é a
sua implicação, a saber, o lugar do o inédito.
Na
Função e campo da fala e da linguagem (Lacan,
248) encontramos que é de um não saber o propósito da decifração que quer
enquanto resposta ao mistério e ao enigma o que a particularidade da tríade
“frustração, agressividade, regressão” é o que se aliena do mal entendido de
uma supressão e vem dizer de um princípio, qual seja o de alteridade, pois
sendo de uma moral a negativa que não rejeita a falta uma terapêutica
possibilita a particularidade do entendimento de um feito.
Da
justiça qual a interoperabilidade da poética estima ao que pertence ao conceito
de continuidade Lacan (p. 766) comenta uma devastação, referindo-se a uma
segunda mãe, qual seja a do desejo, alegando ser ela mortífera o que explica
que “a forma ingrata da primeira, a do amor, vem substituí-la, para se
sobrepor, sem que se rompa o encanto, à mulher ideal”. Há um ponto elementar
qual pertence ao princípio do prazer. Sua erótica deve não ser de toda
contemplada nem tampouco velada; A criança não deve ser tudo para a mãe nem
tampouco para a mulher ao que do principio de realidade se refere a questão do
olhar. Do lado que se encerra uma colina não se pode imaginar muito além da
existência e assim o vislumbre ao que do vale encerra ao desejo de tocar o céu
não é, pois o que de uma promessa nos traz até a compreensão do que a bondade
pretende do liame social.
Deste
entrelaçamento entre o eu e sua imagem, desde o discurso qual o saber está para
o entretenimento, momento da instrução, cabe ao agente do discurso aparelhar o
que no campo do outro há de vir a ser sua inserção no discurso, ressaltando a
escolha da alteridade ao que é respectivo à diferenciação entre educação e
escolarização. Caberia ressaltar que se trata de uma inscrição qual o sujeito
para alcançar aquilo que é a expressão vocacional expõe sua cisão a um outro.
Nessa perspectiva, postulada uma diferença qual que haja um enlace particular, havendo
aí uma interdição qual o ser busca em si algo que do pensamento proposto possa
ser aquilo que faz pensar, tornando o laço do ‘pouco sentido’ o ponto focal da
libido, regrado às condições de análise. Sendo assim, Mandil (p.30) diz que
para alcançarmos tal estágio esta “perspectiva se autoriza pela própria
recomendação de Freud de que os sonhos são algo para ser lido como rebus, ou
seja, por meio do valor significante dos elementos oníricos ou por seu valor de
letra e não a partir das imagens” evocadas. A compreensão de um caso a partir
dos três princípios é o que o limite à interpretabilidade faz do cuidado de si
o que da tensão qual do negativo se quer saber o que falta.
Enquanto
estética, o amor ao saber semeado no discurso que contempla o devir nos salva
do que não somos conscientes. Nesta direção, a singularização do sentido
daquilo que da relação ausência/presença se faz incumbência somente à
exclusividade de seu encanto, Lacan (p. 672) contribui dizendo que “distinguir
as relações do sujeito com a estrutura concebida como estrutura do significante
é restabelecer os próprios efeitos da defesa”. Deste modo, cabe ao gesto o que
da eleição qual do que dele se coloca com a alteridade em um discurso qual a
harmonia sentida se constitui ao ‘passo-de-sentido’. Nesta perspectiva, faz-se
possível a releitura que do verdadeiro da bondade resta algo que não é senão de
uma convicção qual a dinâmica da estética moderna revela em sua origem um
avesso que resistindo à trama que a institui pretendendo constituir uma
descrição.
Nessa
direção Miller aponta;
”Em
uma palavra, isso lhes obriga a pintar vocês mesmos no quadro clínico. É como
Velázquez, ao representar a ele mesmo, com o pincel na mão, junto aos demais s eres,
com que povoa a tela As Meninas, o que é algo que produz desorientação. Isso
porque, fica claro que ele não pode se situar a não ser que veja retratado como
dividido. Vocês sabem que é um quadro que chamou a atenção de Lacan, seguindo a
esteira de Michel Foucault. Eu diria que, em psicanálise, todo caso clínico
deveria ter a estrutura de As meninas. E continuarei o apólogo até chegar a
assinalar que aquilo nos oferece o quadro de Velázquez, aquele que podemos ver
em Madri, mas, também em uma reprodução, é o que vê o mestre. A saber, a
parceria real, precisamente um mestre não representado, esfumado, esvanecido,
degradado no reflexo que se perfila ao fundo do quadro; desse mestre não fica
mais que seu lugar, lugar em que cada espectador, tudo o que chega se
inscreve.”
Desde
o entretenimento, o estudo da ética que por sua vez transcende a uma estética, a
trama do estilo qual a bondade lança à justiça esperando com o que pela beleza
se transmite. Nessa perspectiva, Mandil (p. 47) comentando Lacan afirma que “a
promoção da letra em detrimento do significante vem indicar que este, por si,
não responde por tudo que pode estar em jogo na experiência de uma análise.” Fragmentos
que se tecem em deslizamentos quais pelo momento em que do rebus do discurso
qual defende, em cada caso, a elementaridade do significante, não é senão réplica
à demanda da realidade contida na obra. Deste modo, Krauss (p.52) comenta
Boccioni citando Giedion-Welcker: “Para representar a síntese entre os modos
absolutos e relativos de ser, Boccioni falava da necessidade de se criar ‘um
signo ou, melhor ainda, uma forma singular que substituísse o velho conceito de
divisão pelo novo conceito de continuidade”. Ora não é senão do liame social
que trata aquilo que é a inscrição do estilo pela dialética descrita por Hegel;
o elemento pelo qual o sujeito se furta ou pela alteridade é capturado é pelo
ser de linguagem enlaçado. Nessa direção Lacan (p. 768) afirma que “o
privilégio de um desejo que assalta o sujeito não deve cair em desuso senão ao
ser retomada a curva do labirinto em que o fogo de um encontro imprimiu seu
brasão”. O que de um projeto é o enlace àquilo que surte efeito à consciência comove
o observador naquilo em que a conquista entre a moral e a terapêutica. Com o
drible do senso promove à emanar do saber o aquilo que nele contido, por sua
inquietação, se quer transcender. O platô qual vislumbra o simbólico e o
imaginário estabelecem o embate da significação, o que dá a possibilidade do
deslize do verdadeiro.
Referência
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Cecília Almeida. Gesto inacabado:
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