segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ao chegar a colina
Vi-me gaivota no mar

Litoral
rio se salgando
remansos

Vivo me fazendo em vidas

de certo uma ave, talvez colibri, lance seu canto

e anuncie pelos meus versos

os limites do que sonho.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sangue de chumbo ou soneto particular

Depois de despossuído
da tarde plúmbea
relia em minhas veias
as letras do seu abecedário

Zinco e cobre
suas madeixas
seus elementos
de mulher oriental

Quer do indivisível átomo
Uma partícula secular
Instante em porção

Fez de mim e em mim
Todos os nomes que quis
Ademais, confesso, restou-me apenas o seu

A volúpia da letra

voluptuosa é a letra
quer desdenhar e seduzir
a vontade de querer bem
voluptuosa é a letra
quer resposta imediata
como se destemido
pela vida
pudesse (eu) alcançá-la
sua fugacidade é veloz
pela própria voluptuosidade
a sensualidade de seu som
contém canto de sereia
lascívia até a sílaba
quer comover-me o cativo coração

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O circo, o palhaço e o leão

A tenda, seu céu
Estrelas estampadas num celeste
cor de lembrança

Risca no chão um circulo
e faz dele o seu teatro

Circo é coisa séria
Todo domingo tem
e o leão aguarda a próxima chance...

Há algo, no mínino, de estranho
ver um palhaço rir de verdade.

Há! Gosto de cão!

12:20pm da última quarta-feira, dia 25 de agosto de 2004. Lanchonete do prédio de engenharia cheia.
Quando as mesas fixas estão ocupadas, as pessoas se acomodam nas mesas de plástico, distribuindo-as na grama.
Várias são as opções no cardápio;
- torta de frango,
- macarrão com frango ao molho branco,
- lasanha de frango...
são algumas das várias para os vários gostos.
Temperatura agradável. Nesse horário, pelo menos em agosto, o prédio de engenharia faz sombra naquele gramado.
Eis que surge um ; Daqueles vira-latas bonitinhos que circulam na universidade.
Esse, em especial, era, umagracinha: porte mediano, pêlo rajado, olhos afáveis. E as orelhinhas? Jamais havia visto algo tão amistoso como aquelas orelhinhas caídas, curvadas para frente.
As pessoas que passavam compartilhavam, com um sorriso, aquele momento em que aquela doce criatura me olhava, e esperava um gesto de compaixão com sua fome.
Sigo almoçando. E em um momento me dou conta que aquele cãozinho havia saído dali.
É que, do nada, o cão retorna com uma rolinha na boca.
Pomba!
A princípio as pessoas nada diziam. Mas seus olhos indicavam algo.
Escuto uma voz: - Ele achou o almoço dele.
A partir daí, todos comentavam horrorizados:
- Vou para outra mesa, longe daqui!
E o cachorro a estraçalhar a rola...
- Credo, que nojo!
E o cachorro a dilacerar a rola...
- Eca! Perdi o apetite!
E o macarrão esfriava... o queijo esfriava... o molho esfriava...