domingo, 15 de novembro de 2009

do corpo de Cristo

Saías desperta ao alvorecer das flores

Quando o sino da igreja emudecia o coração dos homens

E as crianças brincando na praça cantavam teu viver

Eras moça quando os pêlos mais negros

Despontavam em meu peito

Menina foste quando me vi nos teu olhos

Que fitavam a flor daquele jardim

Que nos acolhia numa manhã de domingo

Guardado pelo sabor dos homens

Quando as verdades dos sermões

Coagulam uma atmosfera de lembrança

Tocavas minha ferida

E como que cicatriz

Prometias ser em meu corpo

Já marcado de desejo

O elixir das minhas angústias juvenis

coração de menina

do seio da pétala
fazes teu sorriso
do veludo que nela sonhas
transparece teu hálito

és do ato a abelha
encanto dos corações duros
que te trazem o leite
e o peixe do rio

o ar que tu respiras, menina
é em si uma promessa
pois o coração de menina
é o sacrário do amor do homem

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

o coração de uma boiada

o segredo do poeta
é não fazer sua melhor poesia
enquanto uma melhor não lhe surgir...

essa não seria escrita
não fosse o lugar de onde venho
mas o sertão é minha água
como é de chuva que ele se refaz...

Às marcas da boiada
o garrote se faz
mesmo às cercas e cercados

mugido de gado, brilho de estrela
ungido de seu canto
o amor da fêmea


faz-se par

anoitece o dia...

feneceria o feno
não fosse sua fome
e um estômago que sabe curtir

o garrote é conduta em potência
- mais respeito seu menino


Daqui a algum
vai ser seu braço e o olhar
A fazer o coração de uma nova boiada